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Boletim
quinzenal do IEA/USP — nº 69 1ª quinzena de novembro
de 2005 |
economia
• A Natureza dos Juros Conferência de Eduardo Giannetti Dia 30 — 15h pesquisa |
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Os juros fazem parte da vida de todos. Aparecem tanto nas discussões sobre o crescimento econômico da Nação como em aspectos triviais do cotidiano. O princípio econômico é simples: o devedor antecipa um benefício para desfrute imediato e se compromete a pagar por isso mais tarde, e quem empresta cede algo de que dispõe agora e espera receber um montante superior no final da transação. No livro "O Valor do Amanhã — Ensaio sobre a Natureza dos Juros" (Companhia da Letras), lançado no final de outubro, Eduardo Giannetti defende que esse aspecto dos juros é apenas parte de um fenômeno natural maior, tão comum quanto a força da gravidade e a fotossíntese. No dia 30 de novembro, às 15h, no IEA, Giannetti faz a conferência "A Natureza dos Juros", baseada no seu livro. O evento será transmitido ao vivo pela Internet (leia abaixo) e é a primeira atividade do Grupo de Estudos sobre os Fundamentos da Análise Econômica, vinculado à Área de Lógica e Teoria da Ciência do Instituto. O grupo é coordenado pelo economista Marcelo Tsuji, com a participação dos lógicos Newton da Costa e Francisco Antonio Doria e vários consultores (leia sobre o projeto na edição nº 60). De acordo com Giannetti, a questão dos juros não se restringe ao mundo das finanças, atingindo as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual, "a começar pelo processo de envelhecimento a que nossos corpos estão inescapavelmente sujeitos". Desde o momento em que aprendeu a planejar sua vida, o homem antecipa e projeta seus desígnios usando essa prática. Mesmo antes disso, a noção de juros já "está inscrita no metabolismo dos seres vivos e permeia boa parte do seu repertório comportamental". Como exemplos de situações da vida prática nas quais se manifesta a realidade dos juros, o economista cita a prática de dieta, a dedicação aos estudos e os exercícios físicos para melhoria da saúde. Ao extrapolar os limites financeiros do fenômeno, Giannetti defende que questões concretas — como a alta taxa de juros no Brasil — possuem raízes comportamentais e institucionais ligadas à formação de nossa sociedade. Ele discute também os problemas éticos da prática de juros extremamente elevados. Giannetti graduou-se em economia e ciências socias na USP e obteve o Ph.D. na Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde lecionou história do pensamento econômico na pós-graduação de 1984 a 1987. Ministrou a mesma disciplina na pós-graduação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP de 1988 a 1999 e desde de 2001 é professor da Faculdade Ibmec São Paulo. Além de "O Valor do Amanhã", escreveu "O Mercado das Crenças — Filosofia Econômica e Mudança Social" (2003), "Felicidade — Diálogos sobre o Bem-Estar na Civilização" (2002), "Auto-Engano" (1997), "As Partes e o Todo" (1995, Prêmio Jabuti), "Vícios Privados, Benefícios Públicos?" (1993, Prêmio Jabuti) e "Liberalismo versus Pobreza" (1989). Em 2004 foi eleito Economista do Ano pela Ordem dos Economistas de São Paulo. Mais: o evento acontece no Auditório Alberto Carvalho da Silva, IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, térreo (mapa); outras informações podem ser obtidas com Inês Iwashita (ineshita@usp.br), telefone (11) 3091-1696. Internet: para assistir ao evento via web, entre em www.emm.usp.br/ieaonline.asx no horário programado (leia mais informações sobre as transmissões em www.usp.br/iea/online). Quem estiver assistindo ao evento poderá enviar perguntas ao conferencista pelo e-mail iea@usp.br.
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pesquisa |
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A economista Lenina Pomeranz, professora associada da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e pesquisadora visitante do IEA, desenvolverá no biênio 2006/7 o projeto "O Processo de Transformação Sistêmica na Rússia". O objetivo da pesquisa é a produção de um livro que consolide as investigações que ela vem realizando desde o final dos anos 80 sobre as transformações que marcaram a passagem da URSS de um sistema socialista "historicamente concretizado'' (expressão que ela prefere utilizar, deixando a a controvérsia sobre a natureza do sistema soviético para análise na própria pesquisa) para o sistema capitalista. Segundo ela, o esforço justifica-se tanto pela relevância do tema como pela reduzida bibliografia sobre o assunto existente no Brasil.
As investigações feitas por Pomeranz durante esses quase 20 anos foram objeto de inúmeros artigos e monografias. Agora, quando o processo de transformação russa encontra-se praticamente concluído, seu objetivo é extrair dele os elementos analíticos que permitam identificar as bases em que se assentou e os resultados a que chegou. Uma primeira tentativa nessa direção foi realizada em 2003, quando Pomeranz realizou viagem de pesquisa à Rússia, que resultou na publicação de dois artigos na revista "Política Externa" (vol. 12, nº 2, 2003; vol.13, nº 2, 2004). Essa análise será aprofundada e ampliada, com a inclusão do sistema soviético, sua natureza, modo de funcionamento e causas de sua débâcle, "pois o processo de transformação do país não pode ser compreendido sem o exame das heranças inevitáveis do passado". O estudo da experiência soviética não será exaustivo. Partindo do estudo das especificidades do sistema constituído a partir dos anos 30, a pesquisadora centrará o esforço analítico nos pontos da evolução do sistema que permitam avaliar as tentativas de ajustá-lo e os impasses surgidos. Ela pensa especificamente nas reformas de Khrushev e Kossygin e, posteriormente, na Perestroika, de Gorbachev. "Essas reformas implicavam em mudanças na estrutura e nos métodos da gestão econômica, fornecendo elementos para a análise crítica dos mecanismos de funcionamento do sistema e também das relações entre a gestão econômica e o controle político desta." A hipótese de trabalho adotada por Pomeranz é a de que a derrocada do sistema se explica — com base na interpenetração entre o aparelho do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e o aparelho estatal na condução do país — pela deterioração gradativa da liderança política do PCUS, particularmente a partir da segunda metade dos anos 50, a qual determinou sua incapacidade de ajustar a gestão econômica e política às condições ditadas 1) por uma realidade social mais complexa, surgida do próprio desenvolvimento econômico e das denúncias do terror stalinista, 2) pelas restrições de ordem econômico-financeira, impostas pelo confronto estabelecido na Guerra Fria e 3) pelo enorme desafio representado pela nova revolução tecnológica em que se assenta a transformação atual do capitalismo mundial. Quanto ao processo de transição para o sistema capitalista, a análise de Pomeranz partirá do pressuposto de que, embora se possa afirmar que a Rússia é hoje um país capitalista, "é preciso qualificar de que capitalismo se trata, não só em função de suas particularidades, mas também em função do seu nível de desenvolvimento e de sua integração no concerto do capitalismo mundial". A hipótese nesse caso é de que a natureza e modo de funcionamento do novo sistema russo pode ser caracterizado por elementos com fonte: 1) no passado socialista, do qual foram herdadas uma estrutura socioeconômica e uma cultura dadas, além de uma posição estratégica no cenário internacional; 2) na condução de um processo de transformação sistêmica, fortemente determinado pelo desejo de impedir qualquer retrocesso e de afirmar o país no concerto dos países capitalistas e pela grande influência de uma assessoria internacional, não propriamente preocupada com a construção institucional da economia; e 3) no processo político tumultuoso em que se conduziu essa transformação. Nas duas partes, a pesquisa será desenvolvida com base em bibliografia relevante sobre os temas e nas entrevistas com estudiosos realizadas por Pomeranz nas suas viagens à Rússia em 2003 e 2005. Graduada em ciências econômicas pela USP em 1959, Pomeranz especializou-se em planificação econômica na Escola Superior de Planificação e Estatística da Polônia (1964) e obteve o doutorado na mesma área no Instituto Plejanov de Moscou de Planificação da Economia Nacional (1967). Fez pós-doutorado no Center for Latin American Development Studies, nos EUA (1980-81). É autora de 39 artigos e de três livros, co-autora de outro livro e organizadora de outros três. Pomeranz desenvolveu sua carreira docente na USP, tendo se aposentado em 1998 como livre docente do Departamento de Economia da FEA/USP, onde é professora associada de economia política contemporânea para a graduação desde 2001. Atua no IEA desde 1991. Criou o Núcleo de Pesquisa sobre os Ex-Países Socialistas em Transformação, posteriormente transformado em Grupo de Estudos da Área de Assuntos Internacionais então existente. Integra também o Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da USP, onde coordena a Área dos Ex-Países Socialistas.
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Nota |
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Programação de março-abril/2006 O IEA já está definindo a programação de eventos públicos para o bimestre março-abril de 2006. Entre os eventos em agendamento estão conferências com: Eduardo Krieger, presidente da Academia Brasileira de Ciências; o neurocientista Iván Izquierdo, da UFRGS e da PUC-RS; o sociólogo Glauco Arbix, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); o virologista Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP; e o sociólogo Hélio Jaguaribe, do Instituto de Estudos Políticos e Sociais e da Academia Brasileira de Letras. No mesmo bimestre acontecerá o lançamento do livro "Ensino Superior: Conceito & Dinâmica", que reúne as apresentações realizadas nos seminários da Temática Semestral "Desafios do Ensino Superior no Brasil". Em março também terá início uma série de eventos especiais comemorativos dos 20 anos do IEA. Acompanhe detalhes sobre a programação nas próximas edições deste boletim e do Informativo IEA (impresso).
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