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REVISTA Edição 74 discute sustentabilidade |
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Lançamento realiza-se nesta sexta-feira, 11 de maio, No momento em que o mundo está voltado para os temas que pautarão a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio+20, em junho, a revista "Estudos Avançados" dá sua contribuição às discussões com um dossiê sobre sustentabilidade. A edição nº 74 (já disponível em versão digital na SciELO) foi lançada no dia 11 de maio em evento na Sala do Conselho Universitário da USP. Na ocasião houve também o lançamento da versão em áudio (sistema Daisy) da revista, produzida pelo Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da USP. O evento teve mesa-redonda com três professores da USP: José Eli da Veiga, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), e Eliezer Diniz, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-Ribeirão Preto) foram os expositores; Célio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), foi o debatedor. Diniz e Bermann são dois dos colaboradores do dossiê. Antes da mesa-redonda, Martin Grossmann, diretor do IEA, e Alfredo Bosi, editor da revista, apresentaram a edição. Segundo Bosi, os 25 textos que integram o dossiê são divididos em quatro grupos: o primeiro apresenta reflexões sobre o conceito e as teorias de sustentabilidade; o segundo explora questões ligadas ao clima; o terceiro enfoca a temática da energia; e o quarto compõe uma espécie de minidossiê, que sistematiza a produção da pós-graduação da USP de 1992 a 2011 vinculada à agenda da Rio+20. O editor ressalta, ainda, que os artigos trazem pontos de vista diversos sobre a sustentabilidade, mas tendo os aspectos socioambientais como eixo principal: "A ênfase nos efeitos perversos de um crescimento cego não só no ambiente como na estrutura social é um dos pontos altos do dossiê". RIO+20 Em "De Volta à Mão Visível: os Desafios da Segunda Cúpula da Terra no Rio de Janeiro", artigo de abertura da revista, o economista polonês Ignacy Sachs, diretor de estudos honorário da École de Hautes Études en Sciences Sociales, da França, afirma que a Rio+20 enfrentará dois grandes desafios: conter as mudanças climáticas e reduzir as desigualdades. Sachs chama atenção para a necessidade de conciliar justiça social e prudência ambiental, mas enfatiza que "as preocupações ecológicas não devem ser aceitas como justificativa para adiar a resolução de imperativos sociais urgentes. A economia verde só faz sentido se for uma economia voltada para o bem-estar da sociedade em geral". Os rumos da Rio+20 também orientam o artigo de Ricardo Abramovay, da FEA-USP. Ele critica o documento inicial preparado para a conferência, conhecido como "Zero Draft", por não se aprofundar em duas questões que considera fundamentais: as desigualdades sociais e os limites dos recursos naturais. "O século 21 exige governança da inovação tecnológica, sem dúvida: mas ele exige, sobretudo, governança dos limites no uso de materiais, de energia e nas emissões de gases de efeito estufa. E é impossível lidar com esses limites apenas por meio da inovação tecnológica, sem que se enfrentem as desigualdades que marcam a distribuição e o emprego desses recursos materiais, energéticos e bióticos na economia global e no interior dos diferentes países", destaca. ENERGIA NUCLEAR Além da Rio+20, outro tema de destaque do dossiê é a energia nuclear, abordada em quatro textos que advertem para os riscos dessa fonte energética. É o caso do artigo "Qual Energia Desejamos para o Futuro?", assinado por Bernard Laplonche, físico que participou da implantação das primeiras usinas nucleares da França, nos anos 1960, mas que se tornou um crítico severo dessa opção energética. De acordo com Laplonche, "não podemos deixar que as emissões de CO2 sejam o único critério de escolha entre as técnicas de produção de eletricidade. Será preciso aceitar que, em nome do clima, a cada cinco ou dez anos um acidente do tipo Fukushima aconteça em algum lugar do mundo?". MINIDOSSIÊ O minidossiê dedicado às contribuições da pós-graduação da USP à Rio+20 é composto por quatro textos que traçam um panorama das teses e dissertações sobre questões socioambientais produzidas na universidade nos últimos 20 anos (o levantamento está disponível no site da USP para a Rio+20: www.prpg.usp.br/usprio+20). Assinado por Wagner Ribeiro, pesquisador do IEA e coordenador do grupo responsável pelo levantamento das teses e dissertações, em coautoria com Edmilson de Freitas, professor do IAG-USP, e Arlindo Philippi, Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação da USP, o primeiro texto faz um balanço geral dos trabalhos e aponta a predominância de enfoques interdisciplinares em quatro subtemas: Agenda 21 e governança; economia verde; biodiversidade; e mudanças climáticas. Para os autores, "muitos dos trabalhos podem ser úteis à necessária revisão do estilo de vida predominante em nossos dias, o que envolve diretamente a conservação ambiental e sua relação com novas formas de produção econômica, seja com o adjetivo sustentável, como apontado até recentemente, seja com o adjetivo verde, como destaca a Rio+20". Os três artigos seguintes analisam de forma mais aprofundada as teses e dissertações que se enquadram nos subtemas Agenda 21 e governança, mudanças climáticas e economia verde, identificando lacunas e avanços no conhecimento associado a cada um desses tópicos. "Estudos Avançados” nº 74, 360 páginas, R$ 30,00 (assinatura anual com três edições por R$ 80,00). Mais informações sobre como adquirir exemplares ou assinar a publicação podem ser obtidas com Edilma Martins (edilma@usp.br), tel. (11) 3091-1675.
EDITORIAL Há palavras que definem os valores de uma época. Civilização, progresso, evolução foram os termos-chave do século 19. Ao longo do século 20, preferiu-se desenvolvimento, termo que ainda serve de motor e guia ao pensamento que enforma os projetos das nações contemporâneas. Mas, no bojo desse mesmo conceito central, vêm se formando valores igualmente, básicos, e que têm a ver com certos aspectos críticos do desenvolvimento econômico. Na esfera das relações entre a sociedade civil e o Estado, exige-se, cada vez mais energicamente, que o crescimento econômico não ignore as normas democráticas; e aqui, o valor emergente é o da cidadania. Mas há também outra ordem de exigência: a que preside à relação entre o ser humano e a sua morada, a natureza. Desenvolvimento sem democracia é tecnoburocracia. Desenvolvimento sem respeito ao ambiente é barbárie. A palavra-chave para dizer essa dimensão é sustentabilidade;quando acoplada à matriz econômica, serve para dar-lhe uma conotação ética: o valor resultante é o desenvolvimento sustentável. Este número de "Estudos Avançados" está centrado no conceito e em algumas formas de sustentabilidade que deveriam aplicar-se aos projetos de desenvolvimento concebidos pelas nossas políticas públicas. O dossiê de abertura convida à reflexão sobre o significado e o alcance de umaproposta nacional de ecodesenvolvimento. Daí, a sua composição, que vai de ideias abrangentes ao estudo de situações particulares. Seguem-se ensaios sobre dois aspectos fundamentais de toda política de sustentabilidade: o clima e a energia. Os problemas ambientais inerentes a ambas as dimensões acham-se aqui denunciados com nitidez. Não há, porém, predições catastróficas. No caso particular da energia, a hipótese da suficiência de nossas fontes é alentadora e alimenta a esperança de que é possível evitar o risco desnecessário de explorar a energia nuclear. A oportunidade deste dossiê está comprovada pelos textos dedicados à Rio+20, conferência internacional da ONU, que se dará em junho de 2012. O evento foi objeto de análises pontuais conduzidas por um grupo de trabalho da Universidade de São Paulo. A sua divulgação neste número conforta o projeto do IEA de aliar a competência científica à militância ambiental.
DOSSIÊ SUSTENTABILIDADE
Clima
Energia
A USP E A RIO+20
DEPOIMENTOS
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