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Debate sobre a Rio+20 marca lançamento de 'Estudos Avançados' 74 |
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Apesar das previsões pessimistas de especialistas e da imprensa, a Rio+20 pode avançar em dois pontos importantes que não estão na pauta oficial de discussões: uma possível recomendação para que a ONU estabeleça metas de desenvolvimento sustentável nos moldes das Metas do Milênio; e uma provável resolução pela criação de um novo indicador para mensurar o desempenho econômico dos países e substituir o PIB, considerado algo superado pela maioria dos economistas.
José Eli da Veiga, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, apresentou essa avaliação durante a mesa-redonda de lançamento do n° 74 da revista "Estudos Avançados", ocorrida no dia 11 de maio, na Sala do Conselho Universitário da USP. Eli da Veiga fez um balanço do que se pode esperar da Rio+20 e afirmou que suas expectativas em relação à conferência aumentaram diante dos indícios de que as metas e o novo indicador podem se concretizar. Dois professores da USP, colaboradores do dossiê "Sustentabilidade" da edição nº 74, participaram do debate com Eli da Veiga: Eliezer Diniz, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-Ribeirão Preto) e Célio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE). Na sua exposição, Diniz comparou o conceito de economia verde, visto como grande novidade da Rio+20, ao de desenvolvimento sustentável, mais antigo, e levantou a questão: trata-se de algo realmente novo ou apenas de uma estratégia de marketing para chamar atenção para a Conferência? Segundo o professor, a ideia de economia verde repete diversos aspectos da noção de desenvolvimento sustentável e apresenta um agravante: a ênfase demasiada na inclusão social pode ser usada como desculpa para que países pobres e em desenvolvimento não cumpram metas de redução da emissão de carbono. Bermann fechou a mesa retomando assuntos tratados por Diniz e Veiga. Para ele, a pauta da Rio+20 concentra-se excessivamente na questão do aquecimento global e das emissões de carbono e deixa de lado problemas urgentes, como o impacto da poluição sobre a saúde pública. Disse, ainda, que tomar as tecnologias limpas, particularmente os agrocombustíveis, como saída para a crise ambiental dificulta a revisão dos padrões de produção e de consumo atuais. "Há uma campanha por parte dos países ricos para convencer o mundo de que as novas tecnologias são a solução para chegar ao Jardim do Éden", concluiu. Em seguida, Alfredo Bosi, editor da revista, afirmou que a "Estudos Avançados" constitui uma resposta àqueles que cobram da USP uma contrapartida aos recursos que recebe. Para ele, a publicação exerce uma função pública efetiva ao catalisar contribuições de pesquisadores e disponibilizá-las na forma de reflexões. O editor finalizou destacando que esta edição traz uma abordagem bastante completa e dá continuidade à tradição da revista em temáticas ambientais. “Os aspectos conceituais, históricos e críticos estão contemplados. Há um verdadeiro diálogo de autores”, disse. No evento aconteceu também o lançamento da versão em áudio (sistema Daisy) da edição nº 74 de "Estudos Avançados", produzida pelo Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da USP. Agora, além da versão impressa e da versão digital (na SciELO), a revista dispõe de um conteúdo acessível a deficientes visuais, cegos e disléxicos. Foto: Sandra Codo/IEA-USP |