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Aziz Ab'Sáber, geógrafo e ambientalista |
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"Um pesquisador com engajamento político." Essa é a definição para Aziz Ab'Sáber (1924-2012) dada pelo também geógrafo Wagner Costa Ribeiro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e coordenador do Grupo de Pesquisa de Ciências Ambientais do IEA.
Ribeiro destaca o papel de Ab'Sáber na formulação de conceitos inovadores em geografia e geociências, seu profundo conhecimento do território brasileiro e seu trabalho de classificação do relevo do país. "Sua contribuição para a Teoria dos Refúgios, com Paulo Vanzolini, também é de grande importância." 70 anos de geografia Aziz Ab’Sáber nasceu em 24 de outubro de 1924, em São Luiz do Paraitinga, SP, e dedicou quase 70 anos ao estudo da geografia. Aos 17 anos ingressou no curso de Geografia e História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências (FFLC) da USP. Decidiu-se pela geografia, na qual se licenciou em 1944. Tornou-se especialista em geografia física em 1946, quando iniciou estudos sobre geologia e ingressou na USP como jardineiro, passando a prático de laboratório três meses depois, no Departamento de Geologia e Paleontologia da FFLC. Manteve-se no cargo enquanto obtinha o doutorado (1956) e até tornar-se livre-docente (1965), quando passou a dar aulas de geografia física na Universidade. Antes de ser professor da USP, deu aulas no ensino médio e na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Tornou-se professor titular em 1968, aposentando-se na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) em 1982. Mesmo aposentado, continuou desenvolvendo suas pesquisas e, em 1988, passou a integrar o IEA como professor visitante da Área de Ciências Ambientais, tornando-se depois professor honorário do Instituto, no qual atuou até a véspera de sua morte em 16 de março de 2012. Ab’Sáber foi autor de estudos e teorias fundamentais para o conhecimento dos aspectos naturais do Brasil. Sua produção em geografia centrou-se sobretudo em domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros, sertões do Nordeste, estudos amazônicos, superfícies aplainadas do Brasil, Teoria dos Refúgios e na revisão das pesquisas sobre "desertificação" na Campanha Gaúcha de Sudoeste, além de esforços para cruzamento entre o ensino fundamental com uma educação de base regional para o país. Realizou centenas de pesquisas e tratados de relevância internacional nas áreas de ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia, arqueologia e geografia.Sua produção contabiliza mais de 500 trabalhos, entre artigos acadêmicos, teses, capítulos de livros, prefácios e apresentação de livros, resenhas, publicações em jornais, revistas, documentos e relatórios. Ambientalismo "Quando presidiu o Condephaat do Estado de São Paulo, Ab'Sáber instituiu o tombamento da Serra do Mar como área natural protegida", comenta Ribeiro. "Foi a partir dessa época que ele se engajou ativamente na pesquisa e defesa contra ameaças ambientais." Ribeiro também ressalta os trabalhos desenvolvidos por Ab'Sáber no IEA desde 1988: "O Projeto Floram (1990), que detalhou as possibilidades de reflorestamento de 2,3% do território brasileiro para fins ambientais, sociais e econômicos; reflexões sobre a Amazônia, análises sobre o Nordeste Seco, discussão de problemas urbanísticos e ambientais das grandes cidades, entre outros temas". Ab’Sáber empregou seus conhecimentos e energia em inúmeras lutas ambientalistas. Empenhou-se na defesa da floresta amazônica e contra a degradação das caatingas. Nos últimos anos de vida, manteve dois embates capitais: o questionamento da transposição do Rio São Francisco e do projeto do novo Código Florestal. Era professor emérito da FFLCH-USP, membro da Academia Brasileira de Ciências, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), membro honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira e presidente de honra do Instituto de Cultura Árabe. Foi diretor do Instituto de Geografia da USP de 1969 a 1982, presidente Condephaat de 1982 a 1983 e presidente da SBPC de 1993 a 1995. Ab’Sáber recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1994), outorgada pela Presidência da República; o Prêmio Santista — Meio Ambiente (1998), da Fundação Santista; o Prêmio Internacional de Ecologia (1998); o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia (1999), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; o Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente (2001); o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Ciência Aplicada ao Meio Ambiente (2005); e o Troféu Juca Pato como Intelectual do Ano de 2011, concedido pela União Brasileira de Escritores. |