Loading |
||||
Uma academia de vanguarda |
|||
Essa é a expectativa de Martin Grossmann, diretor do IEA, em relação à Academia Intercontinental dos University-Based Institutes for Advanced Study (Ubias), rede que integra 33 institutos de estudos avançados vinculados a universidades de todo o mundo. O projeto piloto da Academia, que está sob a responsabilidade do IEA e do Instituto de Pesquisa Avançada (IAR, na sigla em inglês) da Universidade de Nagoya, no Japão, foi apresentado pela primeira vez a um público amplo no encontro A Pesquisa Avançada em Nagoya, que aconteceu no dia 15 de fevereiro, no IEA. Os expositores foram o químico Susumu Saito e o economista Dapeng Cai, ambos pesquisadores em tempo integral do IAR. O evento foi dividido em duas partes. Na primeira, Saito falou sobre as boas práticas adotadas pelo IAR para o desenvolvimento de pesquisas de alto nível e impacto mundial (ver boxe). Na segunda, Cai fez uma exposição sobre o conceito e o funcionamento da Academia, que foram definidos na manhã do mesmo dia, em reunião fechada com os dois pesquisadores, a direção do IEA, integrantes de grupos de pesquisa e curadoria do IEA, bem como representantes da Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais.
O conceito da Academia De acordo com o economista, o conceito da Academia se resume na expressão "2+2+2+2": dois Ubias de dois continentes diferentes vão se unir para a organização de uma pesquisa conjunta a ser desenvolvida ao longo de dois anos, período em que serão realizados dois workshops. A ideia é promover o intercâmbio científico entre gerações, disciplinas e culturas. Para isso, serão selecionados 15 jovens pesquisadores de várias universidades do mundo e de diferentes áreas do conhecimento para se dedicar a um estudo colaborativo de caráter interdisciplinar, sob a orientação de três cientistas seniores – ganhadores do Prêmio Nobel ou de distinção semelhante, que coordenarão as atividades. Esse grupo manterá contato durante o biênio do projeto e se reunirá em dois workshops de um mês cada - um em São Paulo, previsto para março de 2014, e outro em Nagoya, previsto para março de 2015. Nesses encontros de imersão, os pesquisadores terão oportunidade de trocar experiências, participar de atividades interculturais e programas sociais e de discutir o tema de pesquisa por meio de conferências, leituras, seminários e debates. Segundo Cai, esse tipo de iniciativa é tão importante porque "as pesquisas desenvolvidas nas universidades são focadas e especializadas demais, de modo que os pesquisadores não compartilham linguagens, não se relacionam com outros campos e esquecem como se comunicar uns com os outros". O economista destacou que a Academia Intercontinental orienta-se por três objetivos: estimular a pesquisa conjunta entre os institutos membros dos Ubias; promover a formação de redes de cooperação entre líderes científicos da próxima geração; e explorar novas formas de prática acadêmica coletiva e novos formatos de formação, colaboração e disseminação científica. Grossmann observou que o termo academia pode ter uma conotação pejorativa, uma vez que é usado para fazer referência ao conjunto dos grandes nomes da ciência, reconhecidos pela qualidade do conhecimento que geraram, mas sem um compromisso em transformar o pensamento corrente. "Entretanto, no sentido que estamos utilizando na Academia Intercontinental, o termo refere-se a um ambiente de vanguarda, um espaço experimental, de riscos, de debates, que possibilita encontros inusitados", ressaltou.Processo de seleção Também ficará a cargo dos seniores propor o programa de pesquisa da Academia. O IEA e o IAR sugeriram como tema os diversos sentidos e significados do "tempo", abrangendo o ponto de vista físico, social, literário, histórico, artístico, biológico, entre outros. E, como sub-tema, propuseram os ciclos circadianos, objeto de estudo de Takao Kondo, atual diretor do IAR. Tais ciclos referem-se aos ritmos biológicos diários dos seres vivos, que oscilam conforme variação do dia e da noite. O papel dos anfitriões Em troca, o IEA e o IAR terão o benefício de colocar a comunidade universitária em contato com esse seleto grupo de pesquisadores e de direcionar a escolha do trio de sêniores, dos jovens cientistas e do programa de pesquisa conforme as necessidades da região e da universidade que os acolhem. Próximos passos No encontro, o conceito da Academia, proposto pelo IEA e pelo IAR, será apresentado aos outros integrantes dos Ubias, que ajudarão a definir o tema do programa de pesquisa e seu detalhamento. A partir de então, terá início o processo de seleção dos pesquisadores, que será finalizado em setembro, em uma nova conferência dos Ubias, a ser realizada no Peter Wall Institute for Advanced Studies da University of British Columbia, em Vancouver, Canadá. Após a conclusão do processo de seleção dos pesquisadores e de escolha do tema, o grupo terá, então, seis meses para se preparar antes do primeiro workshop em São Paulo.
|