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Boletim do IEA/USP — nº 94 —2ª quinzena de março de 2007

   

    
   ambiente

David King fala sobre medidas para a
   redução das emissões de gases efeito estufa

   revista
Próxima edição de Estudos Avançados
   terá dossiê sobre energia no Brasil

   novo ciclo
O diálogo entre a teoria da
   evolução e as ciências sociais

   agenda
Eventos públicos
    

     Nota
Sérgio Adorno é o novo coordenador da Cátedra Unesco

Lembrete
• No dia 20 de março (terça-feira), às 14h30,
acontece o painel
Novas Tecnologias para Bioenergia

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ambiente
David King fala sobre medidas para a
redução das emissões de gases efeito estufa

     


David King

A elevação em até 1°C na temperatura global poderá ser benéfica para algumas poucas regiões e setores, como aquelas situadas em altas latitudes e em certos ramos agrícolas, mas os efeitos negativos previstos para o planeta são extremamente mais numerosos e preocupantes. Esse é o caso da mudança já em curso na acidez dos oceanos, que poderá reduzir a capacidade de absorção do CO2 da atmosfera e afetar de modo permanente as cadeias alimentares marítimas.

Este e outros impactos das mudanças climáticas bem como as medidas que devem ser tomadas para a estabilização da concentração dos gases efeito estufa na atmosfera serão analisados na conferência Avoiding Dangerous Climate Change, que David King, conselheiro científico chefe do governo britânico, fará no dia 28 de março, às 14h30, na Sala do Conselho Universitário da USP. O embaixador Sérgio Amaral e Eduardo Krieger, presidente da Academia Brasileira de Ciências, serão os debatedores. O evento será realizado em inglês, com tradução simultânea, e transmitido ao vivo pela Internet.

O título da conferência é o mesmo de simpósio realizado em fevereiro de 2005 por iniciativa do primeiro ministro britânico Tony Blair. King, principal conselheiro científico do Blair, foi um dos participantes do encontro. Entre outros temas, o simpósio tratou de metas e opções tecnológicas para que se atinja a estabilização climática do planeta, com destaque para a necessidade urgente de mais investimentos em medidas que limitem as emissões de gases efeito estufa. De acordo com o relatório do simpósio, sem essas medidas, deve-se manter a perspectiva de elevação da temperatura média do planeta em 0,5 a 2°C nos próximos 50 anos, previsão corroborada pelo relatório divulgado em fevereiro pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU.

A conferência do próximo dia 28 será uma ótima oportunidade para o público brasileiro ouvir King sobre os principais aspectos debatidos no simpósio de 2005, novos conhecimentos adquiridos desde então e medidas a serem implementadas. Uma delas é o projeto de lei, recentemente proposto por Blair, que estabelece a meta de redução de 60% das emissões de gás carbônico no Reino Unido até 2050.

Além de ser conselheiro do governo britânico desde 2000, King é também diretor da Agência de Ciência e Inovação do Reino Unido, chefe do Grupo de Pesquisa sobre Ciência da Superfície do Departamento de Química da Universidade de Cambridge e integrante do Queens' College, da mesma universidade.

AVOIDING DANGEROUS CLIMATE CHANGE
Conferência de David King
Data e local:
28 de março, 14h30, Sala do Conselho Universitário, Rua da Reitoria, 109, Cidade Universitária, São Paulo.
Idioma: o evento será em inglês, com tradução simultânea.
Internet: haverá transmissão ao vivo pela web em www.iea.usp.br/aovivo.
Informações: com Inês Iwashita, telefone (11) 3091-1685 e e-mail ineshita@usp.br.

         

    

revista
Próxima edição de Estudos Avançados
terá dossiê sobre energia no Brasil

 

Nesse momento em que se discutem mudanças na matriz energética do país, a revista "Estudos Avançados" apresenta em sua próxima edição (com lançamento previsto para a segunda quinzena de abril) um dossiê dedicado aos problemas brasileiro no setor.

Os textos tratam da geração de eletricidade por usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares, produção de biocombustíveis, gás natural, uso racional de energia, mudanças energéticas no século 21, impactos sociais e ambientais das várias opções energéticas e riscos das usinas nucleares (leia o Sumário abaixo).

De acordo com Marco Antônio Coelho, editor executivo da revista, uma das conclusões a que se chega diante dos aspectos e divergências levantados no dossiê é a da urgência de uma "participação maior no debate daqueles que podem influir nos rumos do país, sobretudo integrantes do Congresso Nacional, dos meios acadêmicos, da imprensa e de organizaçãos não-governamentais".

Segundo Coelho, os textos revelam a extensão, o emaranhado e a profundidade das contradições decorrentes da necessidade de desenvolvimento da produção de energia no Brasil: "São conflitos que aparecem em pronunciamentos de figuras de destaque do governo federal e que ganham repercussão pública graças à disputa acirrada entre grupos de pressão (lobbies) que atuam nos bastidores e na mídia".

O dossiê não procura apresentar soluções para os problemas energéticos brasileiros, mas sim contribuir com a reflexão da sociedade sobre os melhores caminhos para o país enfrentar esse desafio. Essa é a razão de a revista apresentar artigos com pontos de vista divergentes sobre os principais nós do Brasil no setor.

Uma primeira divergência presente no dossiê é a existência de opiniões diferentes sobre as previsões a respeito da demanda de energia nos próximos anos, o que implica obviamente em propostas diversas a respeito das decisões a serem adotadas. Alguns artigos destacam que, em geral, iniciativas para incremento da produção de energia provocam problemas ambientais, "por isso é fundamental a busca de soluções que sejam as menos nocivas", comenta Coelho. Um dos textos que ressaltam esse aspecto é o de Carlos Vainer sobre "As Questões Sociais e Ambientais na Utilização de Recursos Hidráulicos".

Os textos de José Roberto Pereira Novaes e Guilherme Dias tratam, respectivamente, das condições de trabalho nos canaviais e da possibilidade de prejuizo à produção de alimentos, "aspectos geralmente negligenciados nas análises divulgadas na mídia sobre a importância da produção do etanol e outros biocombustíveis".

Coelho destaca que há uma campanha estridente para o governo aplicar imediatamente uma massa de recursos financeiros elevados na construção de usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares e em oleodutos, gasodutos e outras obras: "A justificativa apresentada é a de uma ameaça de apagão a curto prazo. Por outro lado, deixam-se de lado advertências para a necessidade de uma política energética racional, eficiente e competitiva, alerta feito em documento da ONG WWF-Brasil, elaborado por um conjunto de especialistas da Unicamp. O documento afirma que a adoção das recomendações que sugere significaria uma economia de 33 bilhões de reais na conta nacional de eletricidade nos próximos 13 anos".

Os textos que tratam da utilização da energia nuclear apresentam uma clara discordância. Carlos Alvim, Carley Martins e outros são favoráveis. José Goldemberg, Luiz Pinguelli Rosa e Ignacy Sachs, contrários. Há inclusive um relato sobre a decisão sueca de gradualmente reduzir o número de suas usinas nucleares, que chegaram a responder por 50% da energia elétrica consumida no país.

Quanto ao setor hidrelétrico, Coelho comenta que "o governo federal anuncia diversos projetos para a construção de hidrelétricas na bacia do rio Amazonas. Todavia, os problemas decorrentes da construção de Tucuruí, Samuel, Balbina e outras usinas indicam que a exploração da hidroenergia na região exige o respeito aos processos ecológicos, hidrossociais e hidrotécnicos da Amazônia". Essa análise é feita em artigo de José Galizia Tundisi.

O dossiê também discute a situação em outras bacias, onde projetos de usinas são motivo de conflitos em razão de possíveis problemas sociais e ambientes, como é o caso da bacia do rio São Francisco e na do Ribeira do Iguape. Segundo Coelho, esse conflitos "contrariam o parecer daqueles que apontam a possibilidade de aumento imediato na produção das centrais já instaladas e de instalação de pequenas centrais em paralelo a outras iniciativas energéticas, como o uso de biocombustíveis".

Um exemplo desse tipo desse tipo de situação é lembrado por Célio Bermann em seu artigo: a oposição da população do Vale do Ribeira, em São Paulo, desde os anos 90 ao projeto do Grupo Votorantim de construir uma grande usina em área da Serra do Mar, para utilização da energia na produção de alumínio.  Coelho destaca que esse conflito alerta para uma questão que exige um exame cauteloso: "Em que medida é justificável ampliar o uso de recursos hidráulicos e energéticos em setores industriais que consomem intensamente energia com o propósito de exportar commodities, como sucede em Tucuruí?"

Sumário do nº 59 de "Estudos Avançados"


Simulação do projeto de Angra 3
(em primeiro plano, com Angra 1
e Angra 2 ao fundo)

EDITORIAL

DOSSIÊ ENERGIA
• Energia e Meio Ambiente no Brasil — José Goldemberg e Oswaldo Lucon

• A Revolução Energética do Século 21 — Ignacy Sachs
• Geração Hidrelétrica, Termelétrica e Nuclear — Luiz Pinguelli Rosa
• Cenários para um Setor Elétrico Eficiente e Competitivo — WWF-Brasil

• A Problemática do Gás — Edmilson dos Santos
• Uso Racional: a Fonte Energética Oculta — Luiz Augusto Horta Nogueira
Energia Elétrica
• A Política Brasileira de Utilização dos Rios na Amazônia — José Galizia Tundisi
• As Questões Sociais e Ambientais na Utilização de Recursos Hidráulicos — Carlos Vainer

• Energia das Águas: Impasses e Controvérsias da Hidreletricidade no Brasil — Célio Bermann
Biocombustíveis
• Situação Atual e Perspectivas do Etanol — Isaias Carvalho Macedo
• Campeões de Produtividade: Dores e Febres nos Canaviais Paulistas — José Roberto Pereira Novaes
• Um Desafio Novo: o Biodiesel — Guilherme Dias
• O Uso Energético da Madeira — José Otávio Brito
Energia Nuclear

• Energia Nuclear em um Cenário de 30 Anos — Carlos Feu Alvim et al.
• O Controle e a Segurança dos Reatores Nucleares — Carley Martins
• A História da Energia Nuclear na Suécia — Tomas Kåberger

• A Catástrofe de Chernobyl Vinte Anos Depois — Jean-Pierre Dupuy
• Perigos dos Reatores Nucleares — Relatório preparado para o Greenpeace Internacional

• Se Eu Fosse Deputado — Carlos Drummond de Andrade

DOSSIÊ ORIGENS II
• Origem da Vida — Augusto Damineli e Daniel Santa Cruz Damineli

TEXTOS
• Lições da Era McCarthey para os EUA de George W. Bush — Robert Meeropol
• O Mito de Brasília e a Literatura — João Almino
• A Aposta de Fausto e o Processo da Modernidade — Reflexões sobre o Significado Histórico e Atual da Tragédia de Goethe — Michael Jaeger

CRIAÇÃO / CINEMA
• Nelson Pereira dos Santos: Resistência e Esperança de um Cinema — Paulo Ramos

RESENHAS
• "Minhas Memórias", de Hélio Bicudo — Luis Francisco de Carvalho Filho
• "Contra-História do Liberalismo", de Domenico Losurdo — Alfredo Bosi
• "Making Globalization Work", de Joseph Stiglitz — Rubens Rogério Sawaya
• "Brás Cubas em Três Versões", de Alfredo Bosi — Marcus Mazzari
• "Para Mudar o Futuro — Mudanças Climáticas, Políticas Públicas e Estratégias Empresariais", de Jacques Marcovitch — Ricardo Abramovay

            

    

novo ciclo
O diálogo entre a teoria da evolução e as ciências sociais

 

No dia 22 de março, às 15h, terá início o Ciclo Temático Evolução Darwiniana e Ciências Sociais, realização do Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e do IEA. Esse primeiro seminário terá a participaçao do biólogo Ricardo Waizbort (Fiocruz) e do sociólogo Carlos Alberto Dória (Unicamp), com coordenação de José Eli da Veiga (FEA/USP).

O evento acontece no Auditório Alberto Carvalho da Silva, na sede do IEA. Quem não puder comparecer poderá acompanhá-lo pela web ao vivo e inclusive enviar perguntas aos debatedores. Os textos de referência do seminário são:

Um Outro Darwin, de Carlos Alberto Dória;
Notas para uma Aproximação entre o Neodarwinismo e as Ciências Sociais, de Ricardo Waizbort (História, Ciência, Saúde — Manguinhos, nº 2, vol. 12).

Outros textos relativos à temática do ciclo também estão disponíveis no site do IEA.

O ciclo será constituído de seminários mensais ao longo de todo ano. As mesas sempre contarão com um pesquisador das ciências naturais e outro das sociais. A coordenação do ciclo é de José Eli da Veiga, que também coordena o Nesa. O segundo seminário será no dia 19 de abril (data que marca os 125 anos da morte de Darwin) e terá a participação de Cristina Possas (Programa DST/Aids do Ministério da Saúde) e Eleutério Prado (FEA/USP).

ABERTURA DO CICLO TEMÁTICO EVOLUÇÃO DARWINIANA E CIÊNCIAS SOCIAIS
Seminário com exposições de Carlos Alberto Dória e Ricardo Waizbort
Data e local:
22 de marco, 15h, Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, térreo, Cidade Universitária, São Paulo (mapa).
Internet: haverá transmissão ao vivo pela web em www.iea.usp.br/aovivo.
Informações: com Sandra Sedini, telefone (11) 3091-1684 e e-mail sedini@usp.br
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agenda
Eventos públicos

 

MARÇO

• Dia 20, 14h30 — Novas Tecnologias para Bioenergia — Painel com José Octavio Armani Paschoal (Ipen), Maurício Penteado (consultor), Carlos Freitas (consultor), André Luiz Veiga Gimenes (EP/USP), Décio Luiz Gazzoni (Embrapa) e Paulo Soares (Dedini S/A).
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA (mapa).
Informações:
ineshita@usp.br.
Internet: transmissão ao vivo pela web.

• Dia 22, 15h —  Abertura do Ciclo Temático Evolução Darwiniana e Ciências Sociais Seminário com Ricardo Waizbort (Fiocruz) e Carlos Alberto Dória (Unicamp); coordenador: José Eli da Veiga (FEA/USP).
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA (mapa).
Informações:
sedini@usp.br.
Internet: transmissão ao vivo pela web.

• Dia 28, 14h30 — Avoiding Dangerous Climate Change — Conferência de David King (Universidade de Cambridge) Evento será em inglês, com tradução simultânea
Local: Sala do Conselho Universitário da USP, Rua da Reitoria, 109, Cidade Universitária, São Paulo.
Informações:
ineshita@usp.br.
Internet: transmissão ao vivo pela web.

         

    

Nota

 

Sérgio Adorno é o novo coordenador da Catedra Unesco

O sociólogo Sérgio Adorno (foto), professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e coordenador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, é o novo coordenador da Catedra Unesco de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância, sediada no IEA. O programa de trabalho para a cátedra proposto por Adorno para o biênio 2007/2008 — a ser realizado em conjunto com o NEV — prevê a realização de conferências e seminários e a produção de artigos e material didático sobre quatro temas: "Desenvolvimento e Desigualdades Socioeconômicas", "Direitos Humanos e Acesso à Justiça", "Desigualdades e Diferenças: Gênero, Geração, Etnia, Diversidade Sexual" e "Instituições de Proteção e Promoção dos Direitos Humanos".

     

  

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitora: Suely Vilela
Vice-Reitor: Franco Maria Lajolo
www.usp.br

INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS
Diretor: João Steiner
Vice-Diretor: Hernan Chaimovich
Conselho Deliberativo: Bader Sawaia, César Ades, Gabriel Cohn, Hernan Chaimovich, Iberê Caldas, João Steiner, Luís Nassif e Yvonne Mascarenhas
www.iea.usp.br iea@usp.br

contato,
Boletim quinzenal produzido pela Assessoria de Imprensa do IEA
www.iea.usp.br/contato
Redação: editor e jornalista responsável: Mauro Bellesa (MTb-SP 12.739); colaboradora: Cecília Mattos
boletim-iea@usp.br
Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, Travesa J, 374, térreo, Edifício da Antiga Reitoria, Cidade Universitária, 05508-970, Caixa Postal 72.012, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3091-1692

Fotos (a partir do alto): Mauro Bellesa, IEA/USP — Siebe — Eletrobrás Eletronuclear S/A — Eduardo Geraque

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