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Boletim
quinzenal do IEA/USP — nº 63 1º a 15 de agosto
de 2005 |
seminário biomassa agenda |
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O seminário "Instituições Políticas" abre no dia 11 de agosto (quinta-feira) o ciclo do Programa "Brasil: O País no Futuro — 2022". O evento acontece das 9 às 13 horas no IEA e poderá ser assistido pela Internet. O expositor será o cientista político Bolívar Lamounier, do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo, e os debatedores serão: Antônio Octávio Cintra, da Câmara dos Deputados; Rogério Arantes, do Departamento de Política e Núcleo de Estudos de Democracia e Política Comparada da PUC-SP; e Amaury de Souza, da Universidade Federal de Viçosa. O ciclo terá mais seis seminários, nos dias 18 e 25 de agosto e 1º de janeiro, com os temas "Relações Internacionais e Território", "Segurança Pública e Desenvolvimento Urbano", "Economia e Seguridade", "Cultura e Sociedade", "Conhecimento" e "Meio Ambiente" (leia a programação abaixo). O programa "Brasil: O País no Futuro — 2022" dá continuidade, agora de forma independente, aos trabalhos desenvolvidos recentemente pelo Instituto em projeto do governo federal sobre identificação de cenários futuros e definição de metas estratégicas para o País. O programa tem coordenação de Geraldo Forbes, pesquisador visitante do IEA. O ciclo de seminários é coordenado por Guilherme Leite da Silva Dias, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, com coordenação adjunta de Gildo Marçal Brandão, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e secretaria executiva de Alexandre Polesi, da Prospectiva Consultoria. INTERNET Mais: os seminários são gratuitos e abertos a todos os interessados (não é preciso se inscrever); o ciclo acontece no Auditorio Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, Cidade Universitária, São Paulo (veja localização em www.usp.br/iea/mapa.html); mais informações podem ser obtidas com Marilda Gifalli (mgifalli@usp.br), telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442. PROGRAMAÇÃO Agosto Dia 11 . 9 às 13h Dia 18 . 9 às 13h Dia 25 . 9 às 13h . 14 às 18h Setembro Dia 1º . 9 às 13h . 14 às 18h
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"Os biocombustíveis chegaram à sua maioridade", assegura Ignacy Sachs, co-diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) da França. No conferência "Da Civilização do Petróleo a uma Nova Civilização Verde: Biomassa, Nova Matriz Energética e Agricultura Familiar", no final de junho, o ecossocioeconomista (como ele prefere ser identificado) disse que a chegada dos biocombustíveis à vida adulta deve-se a três fatores: elevados preços do petróleo em razão da proximidade do pico da produção mundial nos próximos 10 a 20 anos e uma demanda em contínuo crescimento; dificuldades geopolíticas, com os custos cada vez maiores para os EUA e seus aliados manterem as linhas de abastecimento a partir do Oriente Médio, tornando-se mais vantajoso investir em alternativas do que continuar a administrar essa situação; e razões ambientais, pois "é evidente que o Protocolo de Kyoto ainda será altamente ineficiente para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mesmo que seja realizado integralmente". Esses três fatores fizeram com que Amory Lovins, um eminente especialista norte-americano em questões energéticas, publicasse recentemente o livro "Winning the Oil Endgame" (Vencendo a Partida Final do Petróleo), um relatório co-financiado pelo Pentágono. Sachs explicou que o argumento de Lovins é apoiado essencialmente no desenvolvimento de uma nova geração de automóveis ultraleves, que consumiriam menos da metade dos veículos atuais: "Metade dessa redução estaria relacionada com o menor peso dos automóveis, outros 25% viriam com o programa de biomassa e os 25% restantes a partir de um uso mais eficiente do gás e a utilização de seus excedentes para a produção de hidrogênio". Outro estudo destacado por Sachs é um relatório publicado em conjunto pelos Departamentos de Agricultura e de Energia dos EUA. O documento diz ser possível para os EUA tornarem-se independentes da importação de petróleo em 25 anos, graças a um gigantesco programa de produção de biocombustíveis, que envolveria 1 bilhão de toneladas de biomassa por ano. Essa estratégia é baseada na produção do etanol celulósico a partir de todos os tipos de resíduos vegetais, procedimento "que o Brasil já conhece, mas não pratica", de acordo com Sachs. PIONEIRISMO No entanto, o pesquisador observou que não se deve reduzir a questão da saída da civilização do petróleo unicamente a desenvolvimentos tecnológicos como o incremento dos automóveis e a produção de um novo combustível. Para ele, o problema deve ser recolocado a partir da perspectiva de uma estratégia energética bem mais ampla, onde a variável principal é aquela energia menos ou não-poluente e muitas vezes a mais barata, ou seja, aquela energia que se deixa de consumir. "É preciso discutir estilos de vida, substituição do transporte individual pelo coletivo, a feição futura das cidades, entre muitas outras coisas." Sachs não concorda também com a visão dos biocombustíveis como "commodities", produzidos por monoculturas voltadas essencialmente à eficiência econômica do processo: "Temos de situar os biocombustíveis dentro de uma quadro mais amplo, da civilização moderna da biomassa. Se estamos realmente começando a entrar na fase final da civilização do petróleo, podemos dizer que estamos saindo de um interlúdio de vários séculos, dominados primeiro pelo carvão e depois pelo petróleo, e estamos voltando, em certo sentido, para a energia solar captada pela biomassa. Nessa nova fase, as conquistas da ciência, em particular da biologia e da biotecnologia, devem ocupar um lugar cada vez mais importante. A civilização da biomassa permite produzir alimentos para o homem, forragem para os animais, materiais de construção, adubos verdes, biocombustíveis, matérias primas industriais, fibras, plásticos, fármacos e cosméticos". ALIMENTOS E ENERGIA Na opinião do pesquisador, a mudança para a civilização da biomassa permitirá atacar grandes problemas do século 21, entres os quais o maior e mais difícil problema social: a falta de trabalho decente para todos. "É totalmente absurdo pensar o futuro deste século sem pensar no problema do desenvolvimento rural. Os pequenos agricultores e suas famílias correspondem a 2,5 bilhões de pessoas. Não dá para jogar toda essa gente nas favelas. Se isso acontecer, vamos ter de lidar com uma tragédia de proporções inéditas." "Se há um país onde a saída da civilização do petróleo é possível, num período de 20, 30 anos, para a construção de uma civilização moderna de biomassa, esse país é o Brasil". Sachs justificou essa opinião ao relacionar os componentes brasileiros favorecedores da mudança de civilização: a maior reserva de biodiversidade, enorme quantidade de terras cultiváveis, climas variados, dotação de recursos hídricos entre ótima e razoável na maioria das regiões, pesquisa agronômica e biológica de categoria internacional e indústria capaz de produzir equipamentos para a produção de etanol e biodiesel. O fato de o país praticamente ter chegado à auto-suficiência em petróleo não significa que não deva avançar na substituição do petróleo sempre que possível. Trocado pelo álcool, que é mais barato, o petróleo pode ser vendido nos mercados mundiais, argumentou. "E como o Brasil tem essa inovação que é o flex motor, nada impede que se avance rapidamente na área do etanol." BIODIESEL Sach descreveu uma proposta de reforma agrária para regiões da Amazônia em estudo há alguns anos: numa cooperativa de 500 famílias, cada uma receberia 10 hectares para dendê e outros 10 hectares para atividades agroflorestais e pequenas lavouras de subsistência; cada vez que fossem atingidos 5 mil hectares de dendê, uma indústria nacional com toda a tecnologia necessária construiria uma usina de esmagamento, com as seguintes condições por parte da empresa: fornecimento das mudas, assistência técnica, exclusividade de compra e pagamento por um preço correspondente a um percentual do preço mundial do óleo. Estudos demonstraram que 10 hectares de dendê dão emprego a um homem para o ano todo. Os outros 10 hectares propiciam um ou dois empregos para outros membros da família. E um conjunto de 500 famílias possibilita o surgimento de uma vila agroindustrial com empregos industriais, comerciais, técnicos, sociais e no transporte. No Semi-Árido as opções devem ser diferentes: "Em vários Estados do Nordeste é provável que a escolha recaia sobre a mamona, na qual o Brasil já tem experiência, pois durante muitos anos essa cultura esteve vinculada à produção industrial".
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agenda |
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AGOSTO • Dia 11, 9h — Ciclo de Seminários do Programa Brasil: O País no Futuro — 2022 • Dia 18 — Ciclo de Seminários do Programa Brasil: O País no Futuro — 2022 • Dia 24, 10h — Biosseguridade — Conferência de Hernan Chaimovich, diretor do Instituto de Química da USP e conselheiro do IEA • Dia 25 — Ciclo de Seminários do Programa Brasil: O País no Futuro — 2022 SETEMBRO • Dia 1º — Ciclo de Seminários do Programa Brasil: O País no Futuro — 2022 • Dia 13, 17h30 — Lançamento da edição nº 54 da revista "Estudos Avançados" — com palestra de Peter Mann de Toledo, diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, sobre "As Estratégias para Evitar a Perda de Biodiversidade na Amazônia" Local: os eventos de agosto e setembro acontecem no Auditório Alberto Carvalho da Silva, IEA, Cidade Universitária, São Paulo (mapa). NOVEMBRO • Dias 6 a 10 — II Conferência Regional sobre Mudanças Globais: América do Sul — realização da Área de Ciências Ambientais do IEA. Mais: informações pelo e-mail iea@usp.br ou telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442.
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Nota |
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Dia 13 de setembro, às 17h30, será realizado o lançamento da edição nº 54 da revista "Estudos Avançados". O número trará a segunda parte do dossiê "Amazônia Brasileira". Na ocasião, Peter Mann de Toledo, diretor e pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi, fará a palestra "As estratégias para Evitar a Perda de Biodiversidade na Amazônia". O lançamento acontece no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, térreo, Cidade Universitária, São Paulo (veja localização em www.usp.br/iea/mapa.html). Mais informações sobre o evento e a edição podem ser obtidas pelo e-mail estavan@usp.br e telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442.
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