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O crescimento e as dificuldades da Negowat: novo recurso para negociações ambientais Cátedra Unesco define plano de ações
3º ano da Cidade começa com Agenda de eventos abertos ao público NOTAS
O
crescimento e as dificuldades da Nas últimas duas décadas, houve um aumento significativo no número de pesquisadores brasileiros e nos trabalhos desses profissionais publicados em periódicos internacionais com política editorial rígida. Esse aumento não foi acompanhado por um crescimento dos recursos governamentais para ciência e tecnologia. Essa discrepância entre recursos e produtividade será discutida pelo bioquímico Leopoldo de Meis (retratado no desenho ao lado), da UFRJ, na conferência "O Crescimento da Ciência Brasileira, Fontes de Financiamento e Estresse na Comunidade Científica", no dia 15 de abril, às 10h, no Auditório do IEA. Para entender a questão, Meis e outros pesquisadores (Carla de Meis, Maria Scarlet Carmo, Andrea Velloso e Denise Lannes) entrevistaram professores e pós-graduandos de um centro de pesquisa reconhecido por sua alta produtividade. O resultado das entrevistas indica que o aumento de produtividade está associado a grande (e crescente) sofrimento psíquico dos estudantes/pesquisadores, como se a escassez de recursos fosse compensada por aumento da tensão emocional e estresse das equipes de pesquisa. Segundo Meis, "diversos casos de síndrome 'burn out' foram identificados". Ele lembra o reconhecimento para ingresso na comunidade cientifica ("ritual de passagem") não está mais relacionado com a tradicional obtenção do titulo de mestre ou doutor, mas depende da capacidade de publicar em periódicos internacionais. "Além das dificuldades nos centros universitários brasileiros, soma-se a dificuldade crescente de publicar em periódicos internacionais de maior impacto. Tem havido um aumento substancial no número de novos pesquisadores no cenário internacional, que não foi acompanhado por aumento proporcional de revistas indexadas." Professor titular de bioquímica desde 1978 do Centro de Ciências da Saúde do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, Meis formou-se em medicina na UFRJ em 1961, onde se tornou livre-docente em biofísica e titular de bioquímica. Desenvolve pesquisas sobre transporte ativo de íons; acoplamento, transporte de íons e síntese na hidrólise de ATP; mecanismos de transdução de energia em sistemas biológicos; educação para a ciência. Além de titular da Academia Brasileira de Ciências, é titular da Academia de Ciências do Terceiro Mundo e titular fundador da Academia de Ciências Latino-Americana. Tem 152 artigos científicos plenos publicados e os livros The Sarcoplasmic Reticulum Transport and Energy Transduction" (John Wiley & Sons, 1981) e A Ciência no Brasil, em co-autoria com J. Leta (Editora UFRJ, 1996). Mais: para informações e confirmações de presença, entre em contato com Claudia Regina, telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442, e-mail clauregi@usp.br. Ilustração:
Leopoldo de Meis em desenho de Diucênio Rangel.
Negowat:
novo recurso Uma nova ferramenta será testada este ano como auxílio na negociação de conflitos sobre água e ocupação do solo na Bacia do Alto Tietê. É o Projeto Negowat, que utilizará a modelagem computacional multi-agente e jogos de papéis entre os envolvidos nessas questões. A iniciativa é financiada pela Comissão Européia, Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) da França e Fapesp, com a participação de várias instituições brasileiras, européias e da Bolívia, onde experiência similar será feita. A coordenadora é a pesquisadora francesa Raphaèle Ducrot, do Cirad. Ph.D. em agronomia e especialista em modelagem multi-agente, ela trabalha sobretudo com problemas de gerenciamento de processos de decisão em sistemas de irrigação. Há três problemas centrais no gerenciamento da Bacia do Alto Tietê, segundo Ducrot e outros integrantes do projeto: 1) melhoria da qualidade da água e proteção dos recursos, especialmente nas nascentes; 2) adequação dos recursos hídricos versus a demanda num contexto de crescimento populacional e aumento das tensões; 3) gerenciamento das inundações. A ferramenta a ser elaborada pelo Negowat será testada em casos ligados a esses problemas tanto na cabeceira do rio Tietê quanto na Represa Guarapiranga e também nas proximidades de Cochabamba, na Bolívia. A modelagem multi-agente é uma nova forma de representação computacional desenvolvida nos últimos 15 anos e que utiliza a chamada linguagem orientada a objetos. Segundo Ducrot, isso tem sido utilizado nos últimos 10 anos na indústria, nos robôs, no controle de tráfego aéreo em aeroportos e na análise do trânsito urbano, entre outros casos. Nos últimos 3 anos passou a ser utilizada em centros de pesquisa para gestão de recursos naturais. A pesquisadora explica que o interesse nesse tipo de modelagem deve-se ao fato de ele possibilitar um modelo muito aberto e permitir representar, simultaneamente, fenômenos biofísicos e sociedades virtuais, onde agentes representam seres humanos, com comportamentos básicos como a possibilidade de tomar decisões, ter uma representação do ambiente e dos outros, de se comunicar e de agir. Entretanto, ela considera que esses modelos são bons para representar sistemas complexos, mas não são adequados para fornecer previsões: São mais interessantes para ajudar os atores a discutir a partir de cenários possíveis. Não tenho certeza se uma representação muito complexa de um sistema ajude na tomada de decisão, por isso nossa primeira hipótese é trabalhar com um modelo muito simples. O importante é que os atores concordem com a representação feitas sobre eles, comenta Ducrot. A modelagem será refeita até que todos concordem com a forma com estão sendo retratados. Feito isso, acontecerão os jogos de papéis entre os envolvidos no problema. Outra vantagem de articular a modelagem multi-agente com o jogo de papéis é que a modelagem é fechada, depois da concordância com as representações, enquanto o jogo de papéis é aberto, com as pessoas podendo propor outros enfoques e posturas. Exemplos de casos possíveis são os conflitos que podem surgir com agricultores, que podem alegar não concordar em pagar pela água que ajudam a conservar. Outro caso pode ser a negociação entre municípios que possuem recursos hídricos abundantes mas não os consomem e os municípios que usufruem desses recursos. Outra possibilidade é a situação das invasões de áreas de mananciais por loteamentos irregulares. Mais: informações sobre o Negowat estão em www.ias.unu.edu/proceedings/icibs/ecocity03/papers/ducrot/paper.html.
Cátedra Unesco define plano de ações Criação de núcleos locais nos campi do interior, definição de núcleos temáticos de pesquisa, produção de livros e outros materiais de divulgação são as iniciativas a serem implementadas a partir de março pela Cátedra Unesco de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância, posto de pesquisa sediado no IEA e resultante de convênio entre a USP e a Unesco. Esse plano de ações foi aprovado no final de 2002 e visa dinamizar as atividades da cátedra. Algumas providências para sua concretização já foram adotadas, com o objetivo de promover uma maior integração das áreas científicas que desenvolvem atividades diretamente relacionadas com os objetivos da cátedra. O primeiro núcleo local deverá ser instalado no campus de Ribeirão Preto. Essa instalação favorecerá a promoção de cursos, o desenvolvimento de pesquisas e a realização de conferências e seminários, com o envolvimento de professores e estudantes. Além disso, a cátedra deverá participar das atividades de prestação de serviços à comunidade já desenvolvidas pelas Faculdades de Medicina e de Enfermagem, associando a divulgação dos direitos humanos ao esforço para a sua efetivação. Outros núcleos locais deverão ser instalados durante 2003, com os mesmo objetivos. Deverão ser implantados núcleos temáticos, especialmente sobre os temas da paz, da tolerância e dos direitos da mulher. O Núcleo da Paz deverá promover conferências e debates, tendo como foco central o conflito israelo-palestino e a busca da paz no Oriente Médio, além do combate ao terrorismo por meios legais, sem a tragédia e as injustiças da guerra. O Núcleo da Tolerância realizará atividades que possibilitem a identificação e análise dos movimentos inspirados no racismo, na intolerância étnica e religiosa, bem como outras formas de discriminação. Para o estudo das formas de discriminação e dos meios de proteção e promoção do direitos da mulher, a cátedra iniciou entendimentos com o Fundo de Participação das Nações Unidas (FNUAP), através da representação do organismo no Brasil, para a realização de atividades conjuntas, como conferências, seminários e pesquisas. Especial atenção será dada às questões dos direitos reprodutivos, das discriminações e da igualdade de direitos no ambiente de trabalho. O Núcleo de Publicações e Divulgação deverá publicar um livro sobre noções básicas dos direitos humanos, contendo informações históricas, noções teóricas fundamentais e os textos normativos mais importantes, para ser utilizado como texto de apoio nos cursos de iniciação aos direitos humanos. Para publicação desse livro, a cátedra já estabeleceu acordo com a Edusp (Editora da Universidade de São Paulo) que prevê a publicação de uma Série de Direitos Humanos Cátedra Unesco, para divulgação de atividades e estímulo à participação do público. Esse núcleo promoverá ainda a integração entre as atividades da cátedra e a Biblioteca Virtual da Comissão de Direitos Humanos da USP, para que se possibilite a divulgação dos principais documentos normativos dos direitos humanos. Também está prevista a criação de um Núcleo de Documentação. A cátedra tem como coordenador o professor Dalmo Dallari. Seu Conselho é integrado por Dallari e os professores Sérgio Adorno, Maria Victória Benevides, Margarida Genevois, Alberto Castiel, Enrique Ricardo Lewandowski, Dina Lida Kinoshita, Maria Luiza Marcílio, Ermínia Maricato e D. Paulo Evaristo Arns. Todos com história de vida reconhecidamente ativa na defesa dos direitos humanos. Em dezembro, a professora Margarida Genevois recebeu o Prêmio Universidade de São Paulo de Direitos Humanos edição 2002 na categoria individual.
3º
ano da Cidade começa com A Cidade do Conhecimento realiza no dia 31 de março, às 9h30, na sala 114 do Departamento de Filosofia da FFLCH, aula magna de abertura de seu terceiro ano de atividades, a cargo de Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia política da FFLCH. O tema de Ribeiro será "Ciência, Tecnologia e Humanidades". Durante o evento serão apresentados os principais resultados obtidos pela Cidade em 2002 e as diretrizes estratégicas para 2003. De acordo com Gilson Schwartz, diretor acadêmico do projeto, os resultados obtidos em 2002 foram bastante expressivos: "Nossos projetos em parceria com unidades e laboratórios da USP e algumas das mais importante instituições tecnológicas nacionais e internacionais, como o IPT, Media Lab (do MIT, EUA) e Sebrae, atingiram cerca de 30 mil pessoas, captando um volume expressivo de recursos e beneficiando parcela significativa da comunidade de professores e educadores do ensino médio e fundamental". A Cidade recebeu investimentos dos governos federal, estadual e municipal. Antes da Aula Magna haverá pronunciamentos do reitor Adolpho José Melfi, Gerhard Malnic (diretor do IEA) e Gilson Schwartz. A parte final da programação será dedicada a seminários sobre os programas desenvolvidos pela Cidade em 2002. Programação 9h30 - Recepção aos participantes 10h - Abertura - Adolpho José Melfi (reitor da USP), Gerhard Malnic (diretor do IEA) e Gilson Schwartz (diretor acadêmico da Cidade do Conhecimento) 10h30 - Aula Magna - "Ciência, Tecnologia e Humanidades", com Renato Janine Ribeiro, do Departamento de Filosofia da FFLCH/USP 11 às 14h - A Cidade por Projetos - seminários abertos sobre projetos realizados pela Cidade do Conhecimento em 2002: Educar na Sociedade da Informação, Gestão de Mídias Digitais, Dicionário do Trabalho Vivo, SebraeCidade, Cátedra Unesco sobre Mulher, Ciência e Tecnologia na América Latina, Conip, SPiN, Prêmio Finep para o IPT (os seminários acontecerão nas salas 114, 100, 109 e 122 do mesmo prédio) Local: Sala 114 do Departamento de Filosofia, Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária, São Paulo, SP. Mais: www.cidade.usp.br.
Agenda de eventos abertos ao público
17
de março, 17h
18 de março, 14h
31 de março, 9h30
15 de abril, 10h Mais: informações pelos telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442, e-mail iea@edu.usp.br.
Eventos no IEA São Carlos
18 de março, 14h
Notas DOSSIÊ SOBRE OS ESTADOS UNIDOS O dossiê "Estados Unidos" da revista Estudos Avançados nº 46 já está disponível gratuitamente a todos os interessados no site www.usp.br/iea/revista. Lançada em dezembro, a edição da revista esgotou-se rapidamente. Diante disso e pela gravidade do panorama internacional, a editoria da revista decidiu tornar os oito artigos acessíveis na internet a todos os interessados. Um dos destaques do dossiê é o artigo "O Brasil e a Opaq: Diplomacia e Defesa do Sistema Multilateral sob Ataque", de José Maurício Bustani, recentemente indicado para ser o embaixador do Brasil no Reino Unido. Bustani era o diretor-geral da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) até abril de 2002, quando foi destituído por pressão dos EUA. Depois de deixar a Opaq, Bustani foi nomeado cônsul em Londres. No entanto, acabou perdendo esse posto por ter criticado, durante entrevista à rádio BBC, a falta de iniciativa do governo brasileiro em defesa de sua permanência na Opaq. O dossiê traz ainda artigos de Rubens Ricupero, Immanuel Wallerstein, Antonio Carlos Peixoto, Cesar Guimarães, Monica Herz, Iná Camargo Costa e Dorothy Figueira. COLEÇÃO DOCUMENTOS Um novo caderno da Coleção Documentos foi lançado na primeira quinzena de março: "A Alca e o Brasil", do economista Paulo Nogueira Batista Jr., professor visitante do IEA e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. O objetivo do estudo, elaborado como parte das atividades de Batista Jr. no IEA, é discutir a Alca do ponto de vista do interesse nacional brasileiro. Parte de seu conteúdo foi apresentado em palestra que o autor fez no Instituto em dezembro. Esse texto é o volume nº 18 da Série Política da Coleção Documentos. O catálogo completo da coleção está em www.usp.br/iea/documentos. PROGRAMA DE RÁDIO DO IEA Contexto, programa de rádio produzido pelo IEA e transmitido todos os domingos, às 10h30, pela USP FM (93,7), apresenta no dia 16 entrevista com o geólogo Aldo Rebouças, que fala sobre o lançamento da nova edição do livro "Águas Doces no Brasil: Capital Ecológico, Uso e Conservação" e comenta aspectos do debate nacional e internacional sobre a água, inclusive o III Fórum Mundial da Água, que se realiza de 13 a 18 de março em Kyoto, Japão.
UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO INSTITUTO
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